Coração acelerado, mãos suando, salivação excessiva, respiração curta e insuficiente, inquietação. Se fosse já vivenciou a sensação de uma “primeira vez” na sua vida (evidentemente você já passou por isso), você com certeza já experienciou essas sensações.
“Não gagueja, não gagueja, não gagguuuee…”
Uma primeira apresentação de um trabalho em público, a primeira vez que completou um objetivo ou a simples conquista de uma técnica tão almejada . É muito provável que no primeiro momento, essa sensação de “primeira vez” o impeça de sentir e vivenciar, de fato, a situação em si.
Um exemplo prático para elucidar melhor o que eu quero dizer é a nossa famigerada primeira transa. Com certeza a descrição lá do início esteve presente nessa primeira vez, e é muito provável que, pela afobação inicial, você mal tenha curtido a experiência. E então veio a segunda, a terceira, e só então, com mais leveza, mais presença, mais atenção, tenha conseguido mergulhar no que estava fazendo de fato, e agora, já sem ser tão desestabilizado pelo emocional, você consiga vivenciar a experiência de maneira integral (assim eu espero).
“A I M E U D E U S… O que eu faço?!”
Levando essa ideia pra nossa vida de uma maneira mais ampla, essa dinâmica é algo comum de acontecer. Muitas vezes fazemos algo pela primeira vez, mas o nervosismo e essa “síndrome da primeira vez” fazem com que a experiência não seja tão interessante ou tão produtiva quanto poderia, e nem sempre isso se dá pela falta de familiaridade com a atividade em si, mas muito mais pela falta de estabilidade emocional. Porque se ela não estiver presente, o que há é uma desconexão total entre você e a atividade que está sendo exercida.
De certa forma, trabalhar o emocional é diminuir essas oscilações durante as suas atividades, “pular” essa fase de instabilidade e nervosismo inicial e conseguir entrar nelas como se já as tivesse feito algumas vezes, extraindo o melhor delas. Mesmo que a atividade em si necessite de um aprendizado mais profundo, o simples fato de manter essa administração emocional permite que você conquiste um aproveitamento muito melhor.
“Nunca bati um penalti, mas deixa comigo que eu vou pôr na gaveta.”
Essa capacidade também está intimamente ligada com a capacidade de aprendizagem.
Afinal, aquilo que alguém instável demoraria meses para aprender, pois precisaria desse tempo de adaptação até conseguir lidar com essas oscilações de realizar algo pela primeira vez, pode ser aprendido de maneira muito mais rápida por quem não se deixa atrapalhar por essa instabilidade, necessitando de um período muito mais curto para realizá-la de maneira satisfatória.
Daí a importância de trabalhar a estabilidade emocional, exercer melhor suas atividades (mesmo quando pego de surpresa; mesmo for a sua “primeira vez”) e aumentar a sua capacidade e velocidade de aprendizagem.
Sobre maneiras de administrar melhor o emocional e suas estabilidades, existem várias. Mas são cenas para um próximo capítulo, quem sabe.
* Esse raciocínio me surgiu durante a primeira vez que meditei durante uma técnica de dhyána. Lembre-se: durante a meditação, nem todo raciocínio, pensamento ou reflexão é dispersão ;)
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